Tuesday, April 23, 2013
Abandono o nome. O outro perdeu-se nos outros. Há cerca de dois anos iniciei um desenho. É feito a lápis de cor. É feito com o auxilio de uma lupa, como tantos outros. Já tinha feito um assim, numa folha A4, a encarnado. Mas resolvi depois fazer este, a azul índigo, com a mesma técnica: ponta extremamente afiada (continuamente afiada), preenchimento de uma primeira camada delicada, trabalho intenso sobre o véu que dai resulta. Há cerca de dois anos que estou ainda no início. Cada centímetro quadrado leva seis horas. Bom, a beleza e absurdo de tudo isto é que estou a trabalhar numa folha A3. Mas já não consigo fazer outro desenho senão este. Tudo o resto me parece superficial. Por vezes abandono-o, por vezes retomo-o. Tudo tem passado por ele. Mas hoje vi um amigo num video a fazer um desenho que aparentemente poderia ser este. Demorou dois minutos. Partia de um cubo feito com uma folha de papel com pigmento em pó dentro ou carvão, isolado com fita cola, chocalhou-o e, depois, abriu e pendurou-o. Belo o que dali se revelou. Um desenho grande, muito simples, muito vivo. E eu por aqui moroso, ante tal gesto, ante aquela sala na Grande Bretanha, repleta de dezenas daqueles encantos, brilhantes, coloridos, frescos, livres, uns a seguir aos outros
Grammateion
Marginal notes on the theory, practice and paradigms of drawing